Embora o fenômeno La Niña deva prosseguir até pelo menos o mês de abril, seus efeitos na atmosfera serão vistos até meados de 2021, especialmente na região Norte. De acordo com a mais recente atualização do Instituto de Pesquisas Internacionais para o Clima e Sociedade (IRI), da Universidade de Colúmbia (EUA), o trimestre janeiro-fevereiro-março trará chuva acima da média para boa parte da região Norte, costa do Sudeste, Pantanal de Mato Grosso do Sul e na divisa entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Apesar disso, a precipitação não será frequente durante todos os três meses, sobretudo no Sul, onde não será capaz de aumentar o nível dos reservatórios. O efeito do La Niña acaba compensado pela formação de alguns bloqueios atmosféricos no Pacífico Sul e frentes frias fortalecidas pela água mais quente na costa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Mesmo com La Niña, Nordeste terá chuva abaixo da média no 1º trimestre, diz IRI
Por outro lado, o interior de São Paulo, boa parte do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul, norte de Santa Catarina e oeste da região Sul vão sentir os efeitos clássicos do La Niña, com precipitação abaixo da média histórica. Outra área que chama a atenção pela chuva abaixo da média é o Nordeste, região que normalmente recebe chuva mais intensa em períodos de La Niña.
“A questão é que, para chover forte no Nordeste, há necessidade de uma combinação de temperaturas dos oceanos Pacífico e Atlântico. Apesar do Pacífico intensificar a Zona de Convergência Intertropical, responsável pela chuva em parte do Nordeste, a temperatura da água do Atlântico na costa norte do Nordeste não ficará elevada o suficiente para atrair o sistema para o continente”, explica Celso Oliveira da Somar. O resultado é que a chuva será intensa apenas sobre o oceano e fará com que o Nordeste tenha um trimestre mais seco que o normal.
Boa parte do Sudeste e do Centro-Oeste terá chuva mais próxima da média histórica entre janeiro e março. A temperatura permanecerá próxima da média na maior parte do Brasil. O calor acima do normal será visto no oeste e sul do Rio Grande do Sul, região Centro- Oeste e estados como Minas Gerais, Bahia, Tocantins e Pará. Por outro lado, o verão mais chuvoso que o normal deixará o calor menos intenso no Amazonas e em Roraima.
Segundo trimestre
Entre abril e junho, ainda há previsão de chuva abaixo da média em boa parte da região Sul, oeste e sul de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Zona da Mata de Minas Gerais, Nordeste, Tocantins, Pará e Amapá.
O fenômeno La Niña deixará o outono mais úmido que o normal em Mato Grosso, oeste e norte de Minas Gerais, Goiás, Rondônia, Acre, Amazonas e Roraima. Fica a dúvida se a compensação será suficiente para o contemplar todo o ciclo da segunda safra de grãos do Centro-Oeste, já que o plantio da primeira safra aconteceu de forma muito tardia.
O outono fará a transição entre o verão com La Niña e o inverno neutro. Assim, serão vistos alguns efeitos típicos da neutralidade, especialmente em maio, com queda acentuada de temperatura em todo o Centro-Sul e o aparecimento das primeiras geadas mais amplas.