O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o relatório de oferta e demanda de grãos. Para a safra americana, a produção de soja foi mantida em 96,6 milhões de toneladas. Já para o Brasil, o documento prevê 123 milhões de toneladas do grão, e as exportações permanecem estimadas em 76 milhões de toneladas.
O excesso de chuva na hora da instalação da safra americana foi um dos grandes vilões que compuseram este cenário. Depois chegou a faltar umidade na hora do desenvolvimento dos grãos no cinturão americano. Por fim, parte da safra foi diretamente afetada pelas nevascas perto da colheita.
Para que a gente consiga manter este patamar, é preciso que algumas variáveis, como o clima, contribuam para o bom desempenho da safra até a colheita. Mesmo com o atraso das chuvas na primavera, Mato Grosso, principal produtor da oleaginosa, plantou apenas 10% desta safra fora da janela ideal. Já Mato Grosso do Sul, que sofreu com mais irregularidade das precipitações, teve o plantio em até 50% realizado fora da janela ideal, o que mais para frente vai impactar diretamente no milho segunda safra.
A única condição que pode trazer algum sinal de ameaça para o produtor da parte central do Brasil é o risco de invernadas na hora da colheita entre janeiro e fevereiro. A invernada é quando temos vários dias chuvosos e com temperaturas mais amenas o que impede as atividades de campo.
A Abertura Oficial da Colheita da Safra de Soja 2019/2020 vai acontecer em Jataí, sudoeste de Goiás, no dia 23 de janeiro, e será transmitida pelo Canal Rural. Usando essa importante cidade produtora como referência, a gente percebe que as chuvas podem ficar até 20% acima da média entre janeiro e fevereiro.
Algumas cidades produtoras de Mato Grosso têm desvios positivos de chuva bem maiores. Em Sinop, por exemplo, onde a colheita também deve ser feita entre o fim de janeiro e fevereiro, os volumes podem ficar até 50% acima do normal. A média climatológica para janeiro é de 311 milímetros e existe uma estimativa de 476 milímetros de chuva.
Mato Grosso do Sul e Paraná vão enfrentar problemas maiores por conta do milho segunda safra. Por se tratar de um ano em que estamos em neutralidade climática, estes dois estados normalmente sofrem mais os impactos da entrada de massas de ar de origem polar. Por conta disso, o safrinha pode sofrer com o risco de geada no início de maio.
“Sem contar no atraso na janela de plantio da safra de verão que automaticamente atrasa também a instalação do milho segunda safra, o calendário agrícola atrasado vai pegar o corte de chuvas que é natural entre abril e maio”, explica o meteorologista Celso Oliveira.