O Brasil está prestes a dar um grande passo na melhoria das previsões climáticas com a aquisição de um novo supercomputador pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Neste mês, o órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) publicou o edital para a compra de uma nova máquina, que promete aprimorar significativamente a precisão das previsões de tempo e clima no país.
Detalhes do projeto
O meteorologista do Canal Rural, Arthur Müller, conta que o novo supercomputador, chamado Monan – termo que significa “terra sem males” em tupi-guarani – deve começar a operar no fim do ano, proporcionando previsões de até 15 dias. A aquisição faz parte de uma parceria entre o MCTI, a Agência Espacial Norte-Americana (NOAA) e outras agências internacionais.
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O novo sistema será capaz de incorporar dados específicos da Amazônia, da Cordilheira dos Andes e da Patagônia na modelagem climática, o que representa um avanço significativo em relação aos modelos atuais, que são adaptações de sistemas utilizados no Hemisfério Norte.
Essa integração beneficiará não apenas o Brasil, mas toda a América do Sul, incluindo parceiros na Argentina e no Chile.
Impacto a longo prazo
Müller destaca que, a partir de 2026, o supercomputador deve oferecer previsões mensais, com a expectativa de alcançar previsões sazonais até 2030, desde que não haja cortes de orçamento.
Essa evolução promete melhorar substancialmente a previsão do tempo no Brasil, fornecendo aos meteorologistas ferramentas avançadas para oferecer informações mais precisas à população.
O Brasil enfrenta desafios em relação à quantidade de estações meteorológicas e satélites geoestacionários. Atualmente, o país depende de dados fornecidos por satélites de outras nações, o que pode ser problemático em situações de conflito.
Müller enfatiza a importância de aumentar o número de estações pluviométricas e a necessidade de um satélite próprio para garantir independência tecnológica e maior precisão nas previsões.
Importância das estações pluviométricas
Estações pluviométricas são essenciais para coletar dados em tempo real, permitindo melhores projeções climáticas. Comparativamente, o Japão, com um território muito menor, possui um número significativamente maior de estações, o que lhes permite previsões mais precisas e de longo prazo.
A ampliação dessa infraestrutura no Brasil é crucial para o desenvolvimento de previsões mais assertivas.
Futuro das previsões climáticas
Com o avanço tecnológico proporcionado pelo novo supercomputador e a possível expansão de estações meteorológicas e satélites, o Brasil pode se tornar um líder em previsões climáticas na América do Sul, acredita Müller.
Esses investimentos são fundamentais para enfrentar a crise climática, com impactos que vão desde enchentes até secas severas, e para garantir um planejamento agrícola e econômico mais eficiente.