É consenso entre meteorologistas do Instituto Internacional de Pesquisas para Clima e Sociedade (IRI), da Universidade de Columbia, e do Centro de Previsões de Clima (CPC): modelos números apontam para La Niña no fim do segundo semestre de 2020.
De acordo com especialistas, o cenário será de neutralidade climática no inverno e início da primavera de 2020 e de inclinação à La Niña no fim do ano, com 45% de chance no trimestre novembro, dezembro e janeiro. “Ainda não é uma porcentagem muito alta, mas esse número vem crescendo a cada relatório”, diz a meteorologista Nadiara Pereira.
Segundo o último relatório da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos Estados Unidos, divulgado nesta quinta-feira, 14, há uma chance de aproximadamente apenas 10% de El Niño desde o inverno até o fim de 2020, visto que os modelos trabalham com três possibilidades sempre: neutralidade, El Niño e La Niña.
Há uma chance de aproximadamente 65% de neutralidade durante inverno no hemisfério Sul, com chances de diminuir até a primavera para 45%/50%.
Segundo os meteorologistas da Somar, independentemente de termos ou não La Niña completamente configurado, a atmosfera se comportará como em La Niña no segundo semestre deixando o tempo mais seco que o normal no Centro-Sul do Brasil.
Mesmo o cenário de neutralidade climática com viés negativo já traz alguns impactos no clima deste inverno na América do Sul. “Na maior parte da América do Sul não há efeitos do Pacífico mais frio diretamente no clima, mas já vamos observar um inverno mais seco do que o normal nas regiões Sul e Sudeste do Brasil”, diz Celso Oliveira, meteorologista da Somar.
A tendência é termos mais frio do que o normal no Chile, Argentina, Bolívia e Peru e um inverno mais frio e chuvoso do que a média em países como Colômbia e Venezuela.
A próxima primavera promete ter um atraso na regularização das chuvas para o início da safra de verão e uma possível escassez de umidade nas lavouras do Sul do Brasil e também da Argentina. “Se já estamos com problemas de irregularidade das pancadas agora em um cenário de neutralidade climática, com a projeção de um La Niña, a expectativa não é das melhores para os produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná”, finaliza Celso.