Tempo

Previsão indica janelas de tempo seco em parte do país; veja quando e onde

A irregularidade da chuva no interior do Brasil atrasou o plantio da soja e pode comprometer o bom desenvolvimento das lavouras

A chuva irregular em Mato Grosso, desde o início da primavera, tem trazido problemas para os produtores rurais. Em alguns locais, choveu demais e em outros, a umidade do solo ainda precisa aumentar para o bom desempenho das lavouras.

O plantio atrasou demais no estado e somente no fim de dezembro foi completamente concluído, com mais de três meses de atraso do calendário agrícola, segundo informações do jornalista do Canal Rural de Mato Grosso, Luis Patroni. “Boa parte da colheita será feita a partir da segunda quinzena de fevereiro em Mato Grosso”, diz.

Há expectativa de chuva significativa com mais de 50 milímetros nesta semana em parte do Centro-Oeste, mas em alguns locais a chuva mais forte tem atrapalhado a dessecação da soja. “O problema atualmente é a persistência dos temporais em algumas áreas como é o caso da região do Parecis, o que pode atrasar o plantio do milho segunda safra”, explica o meteorologista da Somar Celso Oliveira. Segundo ele, as janelas para os trabalhos de campo vão melhorar a partir do dia 2 de fevereiro, com o tempo mais firme.

Previsão do tempo

A semana será marcada por tempo firme, ensolarado e quente na maior parte do Rio Grande do Sul, com exceção da faixa norte que tem chuva isolada e com baixo acumulado. Por outro lado, chove de forma volumosa em grande parte de Santa Catarina e do Paraná, com acumulados que superam 130 milímetros em cinco dias entre o norte de Santa Catarina e o sul e leste do Paraná.

No porto de Paranaguá, a chuva será forte também. “Como a colheita da soja neste estado também está atrasada isto não vai repercutir em grandes problemas agora na paralisação dos embarques, mesmo assim o volume merece destaque”, diz Oliveira.

Chove com acumulados um pouco mais baixos também no oeste, centro e sul de São Paulo, restante do Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

No Nordeste, chuvas se espalham desde o Maranhão até o litoral leste, com maiores acumulados entre o centro-norte do Maranhão até o Piauí.

Por outro lado, o tempo fica mais seco na Bahia, Espírito Santo, centro e norte de Minas Gerais, leste de Tocantins e de Goiás.

Posteriormente, a partir do próximo fim de semana, a chuva aumenta entre São Paulo, Minas Gerais e norte do Rio Grande do Sul, e diminui no Paraná e Santa Catarina, embora ainda não cesse. Diminui também a chuva em Mato Grosso, Goiás e Tocantins e os acumulados ficam mais baixos. Já o tempo seco continua do centro-norte de Minas Gerais até a Bahia.

Com o atual cenário, a umidade do solo pode ser recuperada em 10% entre o leste do Piauí até o agreste da Paraíba. Por outro lado, a umidade do solo poderá ser reduzida em 10% desde o sul do Piauí até o sul de Minas Gerais e sobre o Rio Grande do Sul até o dia 24 de janeiro.

Com relação à temperatura, não teremos máximas extremas, mas o calor prossegue especialmente no Norte, Centro-Oeste e no Rio Grande do Sul. Até o fim de janeiro o padrão de chuvas não deve mudar muito em relação ao observado nas últimas semanas.

As frentes frias continuam atuando um pouco mais ao sul, decorrente da posição da Alta da Bolívia e do Vórtice Ciclônico em altos níveis sobre o Nordeste do Brasil, que impede que as frentes frias avancem para a região. A presença das frentes frias localizadas sobre São Paulo favorece a organização da umidade da Amazônia e das chuvas sobre o Centro-Oeste.

A tendência projetada pela Agência Americana de Meteorologia dos Estados Unidos (Noaa) para o trimestre janeiro-fevereiro-março ainda é de um fenômeno La Niña com 95% de probabilidade, com uma transição potencial para neutralidade durante o outono de 2021, com 55% de chance durante abril-maio-junho. Essa projeção conversa também com as simulações do IRI da Universidade de Colúmbia.

Vale lembrar que estamos vivenciando neste mês de janeiro o ápice do fenômeno, que deve começar a perder força nos próximos meses. Embora o fenômeno La Niña deva prosseguir até pelo menos o mês de abril, seus efeitos na atmosfera serão vistos até meados de 2021, especialmente no Norte e Nordeste, com chuva acima da média.