A temporada de furacões no Atlântico neste ano foi acima da média, caracterizada por temperaturas recordes na superfície do mar, por conta do El Niño e outros fatores que atuam na engrenagem da atmosfera.
Teoricamente, a temporada chegou ao fim no dia 30 de novembro, como é comum todos os anos. No entanto, há projeções que não descartam a ocorrência de mais furacões nos próximos meses.
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“Como vai começar o inverno no hemisfério Norte, o normal seria acabar a temporada de furacões com a diminuição progressiva das temperaturas. Mas como as águas do oceano estão mais aquecidas do que o normal, elas podem quebrar o bloqueio do gradiente de temperatura mais baixa do continente e trazer furacões fora de época na América central e Estados Unidos”, afirma Arthur Miller, meteorologista do Canal Rural.
A bacia do Atlântico viu 20 tempestades nomeadas em 2023, ocupando o quarto lugar no ranking do número de vezes de tempestades nomeadas em um ano desde 1950. Sete tempestades foram furacões e três se intensificaram para grandes episódios. “Uma temporada tem, em média, 14 tempestades nomeadas, sete furacões e três grandes furacões”, diz Miller.
Neste ano, no dia 29 de agosto, o furacão Idalia foi o único que atingiu a costa dos Estados Unidos perto de Keaton Beach, Flórida, causando inundações generalizadas em todo o sudeste do estado. O furacão Otis atingiu a costa perto de Acapulco, no México, em 25 de outubro como um furacão de categoria 5 com ventos sustentados de 265,54 km/h. Segundo o meteorologista, Otis detém o recorde de furacão mais forte no Pacífico Oriental. “Ele passou por uma rápida intensificação na qual a velocidade do vento aumentou 185 km/h em apenas 24 horas”, diz Müller.
Prejuízos causados por furacões
Não bastassem todas as intempéries climáticas como estiagens severas, enchentes e granizo, a ocorrência de um furacão para atrasar anos de desenvolvimento socioeconômico. Segundo nota divulgada nesta quinta-feira (30) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), as estatísticas que serão apresentadas nas negociações da ONU sobre Alterações Climáticas durante a COP28 realçam que os pequenos Estados insulares em desenvolvimento sofrem desproporcionalmente em termos de impacto económico e de custos humanos quando comparados aos países mais desenvolvidos.
“O furacão Maria, em 2017, por exemplo, custou à República Dominicana 800% do seu Produto Interno Bruto”, conta Arthur Müller.
Entre 1970 e 2021, os ciclones tropicais foram a principal causa das perdas humanas e econômicas noticiadas em todo o mundo, sendo responsáveis por mais de 2 mil catástrofes. Mesmo com os eventos climáticos extremos aumentando, o que se vê na estatística é que, pelo menos, o número de mortos diminuiu ao longo das décadas com os avanços na meteorologia e nos sistemas de monitoramento de tempo severo, radares e alertas. Na década de 1970, o número de mortos em decorrência das intempéries passou de 350 mil para menos de 20 mil entre 2010 e 2019. As perdas econômicas reportadas nesse período foram de U$ 573,2 bilhões.
“Os ciclones tropicais são grandes assassinos e uma única tempestade pode reverter anos de desenvolvimento socioeconômico. O número de mortos caiu drasticamente graças a melhorias na previsão, alerta e redução do risco de desastres. Mas podemos fazer ainda melhor”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
A iniciativa Alertas Antecipados para Todos, da ONU, procura garantir que todos tenham acesso a avisos sobre ventos, tempestades e chuvas potencialmente fatais nos próximos cinco anos, especialmente nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento, que estão na linha de frente das mudanças climáticas. Se antes a previsão do tempo e clima era importante, agora ela é vital para esta e outras gerações.