O verão começa oficialmente na segunda-feira, 21, às 7h02 do horário de Brasília. Esse será o horário do chamado solstício de verão, momento do ano em que o Hemisfério Sul recebe o máximo de radiação solar. A segunda-feira também será o dia mais longo do ano e a noite mais curta.
Passadas as curiosidades, vamos falar da chuva. O verão no Brasil é considerado um período quente e chuvoso na maior parte do país. Em 2020, a estação será marcada pelo fenômeno La Niña no oceano Pacífico, que vem ganhando força e pode atingir o seu ápice em janeiro. Este La Niña está sendo considerado o terceiro mais intenso nos últimos 20 anos, perdendo apenas para os registrados em 2008 e 2010.
Isso impacta em, por exemplo, chuva abaixo da média no Sul no decorrer da estação – ainda mais se considerarmos que o ano de 2020 como um todo já teve pouca chuva. Para este verão, apenas o litoral da região Sul é que deve ter precipitações perto do normal.
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Outras áreas com previsão de menos chuva do que o normal são o sul de Mato Grosso do Sul, Nordeste, norte do Tocantins e leste do Pará. Chama a atenção o Nordeste ter menos chuva do que o normal, já que esta região é que normalmente recebe chuva mais intensa em períodos de La Niña. A questão é que, para chover forte no Nordeste, há necessidade de uma combinação de temperaturas dos oceanos Pacífico e Atlântico e, nos próximos meses, a temperatura da água do Atlântico na costa norte do Nordeste não ficará elevada o suficiente para atrair chuvas mais generalizadas para o continente. O resultado é que a chuva será intensa apenas sobre o oceano e fará com que o Nordeste tenha um trimestre mais seco que o normal.
Já as áreas de chuva acima do normal neste verão são o litoral de São Paulo, Rio de Janeiro, sul de Espírito Santo, Acre, Roraima, Amapá e oeste e norte do Amazonas. Outras áreas do Brasil devem ficar com chuvas dentro da média no verão. Apesar disso, a precipitação não será frequente durante todos os três meses, sobretudo no Sul, e nem será capaz de aumentar o nível dos reservatórios nesta região.
Outra característica da chuva em anos de La Niña são os episódios de granizo mais frequentes, por causa de atmosfera mais fria, e menos extremos de temperatura, em relação a um ano neutro.
A temperatura permanecerá próxima da média histórica na maior parte do Brasil. O calor acima do normal será visto no oeste e sul do Rio Grande do Sul, região Centro-Oeste e estados como Minas Gerais, Bahia, Tocantins e Pará.
Como se comportou a primavera que trouxe recorde histórico de calor em MT e geadas no Sul
A primavera de 2020 foi marcada por um oceano Pacífico Equatorial resfriado, ou seja, com a presença do fenômeno La Niña em atuação, e que foi ganhando força conforme a estação se desenvolveu. A chuva foi mais volumosa no Amazonas e, na região de Manaus, o acumulado da estação ficou perto dos 800 milímetros. No sertão entre Ceará e Rio Grande do Norte, a estação toda passou com menos de 50 milímetros.
Choveu acima da média no litoral desde Santa Catarina até o sul paulista, sul de Minas, no Rio de Janeiro, no interior do Nordeste, norte do Tocantins, Amapá e faixa central e norte do Amazonas e do Pará.
Por outro lado, a chuva ficou abaixo da média no oeste dos três estados do Sul, no Centro-Oeste, oeste da Bahia, interior de São Paulo, na maior parte de Minas Gerais e na faixa sul da região Norte. Em grande parte essa configuração de pouca chuva e temperaturas elevadas no interior do país esteve associada aos bloqueios atmosféricos no oceano Pacífico e o fato de as frentes frias já ficarem naturalmente mais oceânicas do que continentais em anos de La Niña.
Assim, poucos sistemas meteorológicos conseguiram organizar bem as chuvas no período no centro-sul do Brasil, algo que começou a acontecer somente a partir de novembro. Isso trouxe consequências para a agricultura, que vem enfrentando problemas de déficit hídrico justamente na instalação das safras de verão, e também manteve baixos os reservatórios de água para abastecimento em locais como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
A temperatura, de forma geral, ficou acima do normal tanto nas mínimas pela manhã quanto nas máximas no período da tarde em todo o país. Porém, destaque para Mato Grosso do Sul, norte do Paraná, norte de Minas e interior de São Paulo, que tiveram mais de 5 ºC acima do normal para o período.
Houve algumas ondas de frio, que trouxeram geadas em diversas ocasiões nas serras do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, e também fortes ondas de calor, especialmente nas primeiras semanas da primavera e no início de novembro, culminando em valores de temperatura máxima nunca antes registrados no país. O novo recorde histórico de maior temperatura máxima do Brasil passou a ser 44,8ºC , em Nova Maringá (MT), registrados em 4 e 5 de novembro pelo Instituto Nacional de Meteorologia.