PREVISÃO DO TEMPO

Verão está chegando: como ficam as chuvas? Climatempo explica

Maioria das áreas oceânicas do planeta está com a temperatura acima da média influenciando o regime das chuvas no Brasil

sol, tempo, chuva cessa
Foto: Freepik

O verão 2024/2025 começa oficialmente às 6h21 do dia 21 de dezembro de 2024 e segue até às 6h02 do dia 20 de Março de 2025. Mas, neste verão, não teremos os impactos do fenômeno El Niño – é o que informa o Instituto Climatempo. No ano passado, o fenômeno colaborou para manter a atmosfera global muito aquecida, contribuindo para ocorrência de ondas de calor e de eventos extremos no Brasil.

Verão sem La Niña

Globalmente os oceanos permanecem quentes, havendo tendência de resfriamento apenas no Pacífico Equatorial na costa do Peru, mas sem alcançar a configuração de um La Niña. O fato de o oceano Pacífico Equatorial na costa do Peru estar com uma tendência de resfriamento, vai influenciar o padrão de chuva e de temperatura no Brasil neste próximo verão. Um dos efeitos desse padrão frio é o de facilitar a formação de corredores de umidade entre o Norte, o Centro-Oeste e o Sudeste do Brasil.

Chuvas no verão

A chuva mais volumosa e frequente do verão 2024/2025 deve ocorrer nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste, em muitas áreas do Norte e em parte do Nordeste. Na Região Sul, o verão será marcado por chuva irregular e espaçada, com vários dias de predomínio de tempo seco entre um episódio e outro de instabilidade.

Temperaturas

Não há expectativa de ondas de calor de grande abrangência sobre o Brasil, como no verão 23/24, mas a Região Sul e também a Região Norte devem experimentar períodos quentes, com alguns dias com calor acima do normal. No Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, há tendência de aquecimento.

A expectativa de mais nebulosidade e chuva sobre o país neste verão vai evitar os longos períodos de calor intenso no Centro-Oeste e no Sudeste, como ocorreu no verão 2023/2024.

Frentes frias e ZCAS

O balanço de temperatura da superfície do mar no Atlântico Sul será favorável ao avanço das frentes frias pela costa do Sul e da região Sudeste. A passagem destas frentes ajuda a canalizar o ar úmido do Norte para o Centro-Oeste e para o Sudeste estimulando as áreas de instabilidade. Há possibilidade de formação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).

Zona de Convergência Intertropical

Segundo o Climatempo, para o verão 2025, a previsão é de que ocorra um atraso na aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), pois o balanço de temperatura da superfície do mar entre o Atlântico Tropical Norte e Tropical Sul não está favorável.

O Atlântico Tropical Norte está mais quente que o Atlântico Tropical Sul, o que dificulta a aproximação da ZCIT na costa norte do Brasil. As áreas de instabilidade tendem a se organizar nas áreas oceânicas mais quentes.

Durante o verão e o outono no Hemisfério Sul, a ZCIT é o principal sistema meteorológico que contribui para chuva volumosa no Nordeste e em parte no Norte do país.

Oceanos quentes

A circulação atmosférica e oceânica no verão 2025 no Hemisfério Sul sentirá a influência dos oceanos quentes, como já ocorreu no verão passado.

Globalmente, a maioria das áreas oceânicas do planeta continua com temperatura acima da média. Apenas a porção central e leste do Pacífico Equatorial, na costa peruana, está com temperatura um pouco abaixo da média.

Oceano Pacífico
Foto: Pixabay

A tendência do Pacífico equatorial um pouco frio será responsável apenas por uma parte do estímulo para que o verão 2025 seja com mais chuva do que o normal no Brasil. Ao longo da estação, outros fenômenos de escala mensal devem atuar para aumentar ou reduzir a chuva em algumas porções do país.

Destaques regionais

Sul: risco de ondas de calor principalmente no oeste dos estados de RS, SC e PR. Temperaturas mais elevadas e picos de calor em Porto Alegre. Leste de SC e PR tendem a apresentar temperaturas mais próximas da média, com um calor moderado.

Janeiro com chuva irregular e mal distribuídas ao longo do mês. Fevereiro tende a ter chuva um pouco acima da média no Sul, com pancadas frequentes, mesmo que de forma isolada. As frentes frias tendem a passar rapidamente sobre a região.

Sudeste: alternância entre semanas chuvosas com temperaturas próximas e/ou abaixo da média e semanas de calor e pancadas de chuva típicas de verão. O verão 2025 será menos quente do que o verão de 2023/2024, com períodos mornos pelo litoral da região, no leste de SP, RJ, ES, sul e leste de MG.

As frentes frias avançam com frequência pela costa do Sudeste e ajudam a organizar os corredores de umidade, que aumentam a chuva, com possibilidade de formação de ZCAS. A estação terá mais chuva para o Sudeste do que no verão 2023/2024, o que vai ajudar a manter a temperatura próxima da média

Centro-Oeste: frequente formação de corredores de umidade e possibilidade de ocorrência de ZCAS. Volumes de chuva acima da média, principalmente, no GO, MT e leste do MS.
Não devem ocorrer ondas de calor frequentes, mas eventuais picos de calor podem afetar o centro-sul e oeste do MS ao longo do verão.

O verão 2025 trará chuvas mais volumosas e frequentes do que no verão 2023/2024, o que vai deixar as temperaturas próximas da média.

Nordeste: irregularidade da chuva continua no MA-TO-PI-BA na primeira quinzena de janeiro, o que fará a temperatura subir bastante. Destaque para a atuação de corredores de umidade que estarão posicionados para norte da posição climatológica, o que favorece a ocorrência de chuvas acima da média em grande parte do Nordeste.

De acordo com o Climatempo, haverá atraso na aproximação da ZCIT no litoral norte do nordeste. A partir da segunda quinzena de janeiro esse sistema começa a se deslocar para a região favorecendo chuvas frequentes. A estação será de calor intenso no leste da BA, SE, AL e PE .

Norte: tempo abafado na maioria das regiões, com temperaturas acima da média em praticamente toda a região. Frequente formação de corredores de umidade e possibilidade de episódios de ZCAS.

Apesar da previsão de chover menos do que a média durante o verão, a chuva é volumosa e frequente, o que favorece a recuperação gradual dos rios na região. Não deve ocorrer novo recorde histórico de vazão baixa nos rios da Amazônia.